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22 dezembro 2014

O "Samba Jazz" - Um jeito Mais Refinado de Fazer Samba



Lendo uma excelente matéria sobre a história do Samba Jazz, de autoria do produtor, escritor e crítico musical José Domingos Raffaelli, achei por bem compartilhar o assunto que vem a complementar o conteúdo sobre teoria musical no blog.

Segundo Raffaelli, "a princípio aparentemente distantes e separados, o jazz e a música brasileira têm muito em comum, a começar pelas próprias origens africanas. O que aconteceu após a chegada dos escravos no Brasil e nos Estados Unidos, seu desenvolvimento e onde suas origens musicais se reencontraram são aspectos históricos importantes.

O que existe relacionando a música brasileira com o jazz? Nossa música foi influenciada pelo jazz e pela música americana? E nossos músicos influenciaram os jazzmen americanos? Uma abordagem sobre esse palpitante e fascinante assunto, sob diversos ângulos, permite observações e esclarecimentos sobre as ocorrências que se verificaram através dos tempos, as preferências dos brasileiros em relação aos músicos americanos, nossos músicos que brilham ou brilharam no exterior e outros aspectos ligados ao desenvolvimento das duas linguagens chegando nessa mistura que resultou no estilo denominado samba-jazz, jazz-samba, como preferem os americanos.

As relações entre o jazz e a música brasileira são muito mais íntimas do que possam aparentar. É uma intimidade que surpreende após a sua constatação. Suas origens são exatamente as mesmas, provenientes da cultura negra trazida pelos escravos africanos originários das mesmas regiões da costa ocidental do continente africano. O destino separou os irmãos africanos pelos hemisférios das duas Américas, porém suas raízes foram as mesmas.

No Brasil, foram os ritmos da música folclórica portuguesa os primeiros sintomas alienígenas a influenciarem as raízes africanas. Essas mudanças processaram-se lentamente e possivelmente muita coisa perdeu-se na poeira do tempo.

No lado americano, o ragtime, de caráter fortemente sincopado, foi um prolongamento natural da mistura entre a música dos escravos, a quadrilha francesa e a música de uma dança conhecida como cakewalk.

O pianista Scott Joplin (1868-1917) foi o mais famoso compositor de ragtime, influenciando incontáveis músicos. Por alguma razão aparentemente misteriosa até hoje não detectada, a música de Ernesto Nazareth (1863-1934), um dos precursores do chorinho, da polca e da valsa em nosso país, soa como parente muito próximo do ragtime. Essa constatação levou alguns musicólogos e tentarem desvendar o vínculo entre o ragtime e o chorinho, antecessores legítimos do jazz e da música popular brasileira, porém, foram frustrados todos os esforços nesse sentido.

Afinal, como o jazz influenciou a música brasileira ? No início dos anos 20 do século passado, o fox-trot chegou ao Brasil interpretado por grupos americanos que tocavam no Teatro Assyrio, na época a principal casa noturna do Rio de Janeiro. Os músicos brasileiros acotovelavam-se para ouvir os americanos, aprendendo as melodias, assimilando os ritmos, o fraseado e os maneirismos da execução do fox-trot, absorvendo uma influência que se acentuaria nas décadas seguintes. Esta influência foi se acentuando cada vez mais. Nossos músicos – com exceção dos intérpretes de choro, da música tradicional e dos ritmos nordestinos – foram influenciados pelos músicos de jazz.

Afinal, quando, como e onde começou a mistura do jazz com o samba que resultou na música instrumental brasileira moderna? A semente que germinou essa fusão foi plantada em abril de 1953 pelo violonista Laurindo Almeida e o saxofonista Bud Shank quando gravaram o seminal disco "Brazilliance", em Los Angeles. Nesse disco experimental, o violonista brasileiro e o saxofonista de jazz apresentaram uma novidade revolucionária: as improvisações de Shank tocando repertório brasileiro em linguagem jazzística. Em grande forma, Shank adaptou-se inteiramente ao contexto, assentando as bases do que na década seguinte chamariam de jazz-samba, que no Brasil ficou conhecido por samba-jazz. O impacto daquele disco em nosso meio musical foi extraordinário, abrindo as portas para um estilo até então inimaginável. Curiosamente, na época um conhecido saxofonista brasileiro declarou enfaticamente que era impossível improvisar sobre música brasileira, porém, posteriormente, ele adotou a improvisação jazzística na temática brasileira dos seus discos. "Brazilliance" foi editado no Brasil e conquistou imediatamente uma nova geração de músicos que vieram a ser figuras de relevo na bossa nova e, posteriormente, no samba-jazz.

Outro fator importante precursor do samba-jazz no Brasil foi o revolucionário disco "Turma da Gafieira", com Altamiro Carrilho (flauta), Zé Bodega e Maestro Cipó (saxes-tenor), Raul de Souza (trombone), Sivuca (acordeão), Baden Powell (violão), José Marinho (baixo) e Edison Machado (bateria). Além das improvisações nos solos, a atuação de Edison Machado incorporou uma inovação que causou surpresa, desagrado e controvérsia entre os renitentes cultores do samba: ele utilizou os pratos da bateria em seus estimulantes acompanhamentos, algo totalmente inédito e inconcebível para os músicos da época.

Mas, o que é improvisação jazzística? Para um músico, improvisar significa criar novas melodias sobre a estrutura harmônica de uma composição ao sabor da sua imaginação. Em outras palavras, ter total liberdade para expressar sua própria concepção explorando suas idéias melódicas num clima prevalecendo a espontaneidade e a originalidade, injetando variações de coloridos tonais, nuances rítmicas e inflexões. Por isso o jazz é a música do indivíduo e a improvisação é um elemento essencial da sua linguagem. Para avaliar esses elementos inseridos pelos solistas, é suficiente comparar as inúmeras gravações das mesmas músicas por diversos músicos, constatando que todas diferem das demais porque cada músico improvisa à sua própria maneira.

A partir de 1958, a bossa nova conquistou imediatamente a juventude brasileira ocasionando uma radical transformação melódico-harmônico-rítmica na nossa música popular, inaugurando o período moderno da MPB.

Com o sucesso do rock & roll em todo o mundo nos anos 60, a bossa nova e o samba-jazz deixaram de ser a música da juventude brasileira porque ganhava força e popularidade a Jovem Guarda, invadindo como um tsunami os meios de comunicação do pais. Foi quando Mauricio Einhorn declarou sua famosa frase: "A saída para o músico brasileiro é o Aeroporto do Galeão", que alguns mal-informados atribuem a Tom Jobim. Muitos deixaram o país em busca de outras paragens para tentar a sorte. Alguns foram bem-sucedidos, outros nem tanto. Vale ressaltar que vários desses músicos tocam com freqüência em festivais de jazz europeus e americanos.

Enquanto no Brasil a bossa nova e o samba-jazz estavam em recesso forçado devido às preferências do público roqueiro, em outros países continuavam sendo apreciados e cultuados, valorizando nossos artistas, que ganharam novos mercados internacionais solidificando suas carreiras. Essa valorização no exterior, inclusive com a edição de centenas de discos de bossa nova e samba-jazz nos Estados Unidos, Europa e, principalmente, Japão, ocasionou uma reviravolta no Brasil com o retorno do samba-jazz no repertório dos músicos mais jovens. Daí aconteceram três grandes eventos que movimentaram as duas maiores cidades do país e as novas gerações de músicos surgidas a partir dos anos 80/90 trouxeram uma injeção de sangue novo ao samba-jazz.

Agora o samba-jazz chegou para manter uma relevante posição na música brasileira. Apesar de combatido pelos renitentes xenófobos de plantão, que desdenhosamente insistem em afirmar tratar-se de música americana, continua conquistando novos talentos e adeptos no Brasil e em vários países do mundo. A despeito desses handicaps, o samba-jazz resiste bravamente, nossos músicos prosseguem espargindo sua música em concertos, casas noturnas, bares, quiosques, espaços oficiais e alternativos, com boa afluência de público, além de continuar sendo grande atração no Japão, onde tem público cativo, nos festivais europeus e americanos." Cá pra nós..., o samba jazz é a forma mais refinada e audível de se curtir um samba!
Clique aqui para ler a matéria na íntegra

2 comentários:

  1. Rapaz, esse post é "very good de bão".

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  2. Obrigado amigo, mas o verdadeiro merecedor dos créditos é Raffaelli, quem pesquisou e desenvolveu a idéia. Abração.

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